quarta-feira, 22 de maio de 2013

Vôo Solo

    

     A manhã era cinza naquele 21 de junho de 1990. Cheguei ao 2º Esquadrão de Instrução Aérea e me sentei na sala da Esquadrilha Léo para ouvir a leitura da escala de vôo. Estava confirmado, faria em breve meu primeiro vôo solo. Algumas horas se passaram quando o oficial de operações do Esquadrão me chamou para o briefing: - Pilla, hoje é só você e "Jota" Cristo, vê se não se mata. Boa Sorte!
     Depois do conselho, peguei meu capacete e fui pro avião. Fiz a inspeção externa, entrei na cabine, dei partida no motor, fiz a inspeção interna e, liberado pela Torre, comecei a rolagem da aeronave. Na posição "2" fiz o cheque do motor e logo veio a autorização para entrar na pista e decolar.
     Escutar aquilo me deu um frio na barriga, mas levei o motor a pleno e o avião começou a corrida.  Manche suavemente para trás e o nariz começou a levantar, como dizem, cabrar. As rodas já não tocavam mais a pista.  Esse momento é indescritível, estava voando!
     Agora solto no espaço, recolhi o trem de pouso, fiz a subida para a área de instrução e se não me engano nivelei a nove mil pés. A sensação é única: euforia, tensão, alegria, apreensão, tudo ao mesmo tempo.  Já quase na hora de voltar, o tempo fechou e um pouco de chuva caiu. As nuvens me forçaram a descer. Custei a achar o caminho de volta, mas finalmente avistei a Academia a minha esquerda. Nossa, que alívio...
     Passado o susto, entrei no tráfego: "perna do vento", baixei o "trem", "perna base", "reta final" e um pouco de flap. Arredondei um pouco alto, dei um toquinho no motor pra corrigir, "segurei o nariz" e logo ouvi o barulho dos pneus tocando firme o chão. O pouso não foi macio, mas graças a Deus deu certo.  Calmamente percorri a pista e conduzi o velho T-25 até o estacionamento. Desliguei o motor, retirei o capacete e, com o rosto, corpo e alma encharcados de suor, retornei ao Esquadrão.
     Pois bem, os três anos na Academia da Força Aérea foram muito bons, mas infelizmente depois de alguns outros vôos não deu mais pra mim. Sinto saudades, sigo em frente e quem sabe um dia volto a voar?!