quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Homenagem ao meu Velho lobo do mar


     Do tempo em que minhas mãos mal alcançavam a maçaneta, lembro-me bem da imagem dele à porta da sala de estar, com a cara fechada, vestindo um terno escuro. Mas gostava mesmo era daquela farda branca com dourados nos ombros contrastando com o bigode grosso ainda bem negro e os olhos sempre verdes.


     Ainda parece ontem, quando, em seu colo, senti pela primeira vez cheiro que pensava ser de mar. Hoje sei que era uma mistura de fumaça de óleo diesel com ar-condicionado, a qual impregnava o seu uniforme cinza de serviço.

     Aliás, também me lembro como se fosse hoje o dia em que me levou pra conhecer o seu local de trabalho. Atravessamos uma pontezinha de madeira que balançava muito. Em seguida passamos por uma porta estranha. Era de ferro, arredondada e no meio havia uma espécie de volante que girava para um lado e para o outro, para fechar e abrir. Depois descemos e subimos várias escadas esquisitas, também de ferro, estreitas, bem estreitas.

     Lá tudo era cinza e exalava aquele cheiro que eu pensava ser de mar. Quer dizer, havia sim algumas coisas douradas, brilhantes, sobre as quais um rapaz com um gorrinho branco engraçado na cabeça me falou: - Isso são balas de canhão! Perguntei ao meu pai onde estávamos. Ele me disse: - Em um contra-torpedeiro da Marinha do Brasil.

     Finalmente almoçamos: arroz, batatas fritas e bife à milanesa com algum refresco cujo sabor já não me lembro. À tarde voltamos para casa. Achei aquele dia fantástico.


PS: a foto de família foi tirada em 1975, acredito que cerca de 2 a 3 anos depois da visita que fiz com meu pai ao CT Piauí - D 31. Da esquerda para a direita: Ricardo, minha mãe, meu pai e eu.

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