sábado, 7 de setembro de 2013

Poema dos potros negros





Nosso prado, pasto farto em tempo árido
de cabeças e patas de multiforme tropa,
onde para poucos, tudo com o que se topa
se arranca, leva-se com desejo ávido.

Aves de rapina conduzem esse tropel,
ora em corrida sem rumo desembestada,
ora em marcha apática, lenta, estagnada,
na aparente carência d’algum bravo corcel.

Mas se ele surge, é pro bem e pro mal.
Expoente único, há muito já anacrônico,
melhor não vir. Dissolva-se, pedra de sal!

No lugar, bando de potros negros surgiu
- gêmeos, iguais, bloco selvagem sem rosto -
do coletivo ventre duma potra que os pariu.




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